Nome: Anica Bittencourt Idade: 24 anos Localização: Curitiba, PR
Eu odeio dar pedaço de Sonho de Valsa para as pessoas porque eu tenho um sistema legal de comer, tirando camada por camada. E aí as pessoas mordem e esculhambam meu sistema, e isso me deixa puta.
Fico louca da vida também com barulhinhos de colher batendo no copo e gente mascando chiclete.
Isso obviamente me qualifica como uma pessoa de manias, e não negarei: sou cheia delas. Por exemplo, eu sempre calço primeiro o pé esquerdo, e no momento que estou colocando o sapato penso "Nossa, começar com pé esquerdo dá azar".
E eu não sei bem se é uma mania, mas eu costumo ser meio avoada para coisas que as pessoas normais chamam de "importantes". Até hoje não decorei meu cpf e com relativa freqüência esqueço o número do meu telefone, ou ainda que na verdade me chamo 'Ana Paula', e não 'Anica'. Então, para não pensarem que sou esse azedume todo, resolvi acrescentar coisinhas fofas ao meu respeito. Eu adoro sorvete de menta com chocolate, dias de chuva e dar apertões em gatinhos. Sou fã dos 'Rolling Stones' (embora tenha passado uns anos da minha vida achando que só se pode ser fã dos 'Beatles' ou dos 'Stones', nunca os dois juntos), mas sempre esqueço de citá-los como banda favorita, assim como faço com o '1984' do Orwell na hora de citar um livro que mudou meu mundo (porque livros mudam pessoas, que mudam mundos, né?). Enfim, foi tão difícil achar essas coisas fofas que eu começo a acreditar que realmente sou esse azedume todo.
Frank, queriducho! Obrigada por resgatar o véio Hellfire!
*Hellfire Club,quarta-feira, junho 22, 2005*
Agora que estou encaixotando as últimas coisas cheguei naquele momento de jogar fora o que estava só encostado num canto, já que apartamento é menor do que casa e tal. Algumas coisas eu joguei no lixão sem dó, tipo um chinelinho velho de pano e uma papelada nada a ver.
Mas aí percebi que tem umas coisas que simplesmente não consigo jogar fora. Deixei de lado pensando "antes de fechar o saco de lixo, eu crio coragem e jogo tudo aí" mas, obviamente não consegui.
Dentre essas coisas tem por exemplo o Sansão, um ursinho que ganhei do meu pai. Tem também uma boneca que meu pai e minha mãe trouxeram de Caxias do Sul, uma lata de balas inglesa (só a lata, duh!), uma garrafa de Amarula que ganhei quando passei na PUC e que está devidamente assinada por gente tipo a Nane, a Déia, o Fábio e a Ju (garrafa vazia!), um copo de Desafio que afanei do Empório, uma lata de chá Twinings do tipo Prince of Wales e uma tartaruga.
Sim, uma tartaruga. Daquelas que têm na rua, saca? Ganhei do Ale, um amigo muito legal do 2º grau a quem eu carinhosamente chamava de 'Tanajura'. Eu disse pra ele que ele nunca tinha dado nada pra mim, e então ele pegou a tartaruga da rua e me entregou. E agora não consigo me desfazer, aff. Ei-la:
Disso eu lembrei de um diálogo entre a Morte e Raine em Sandman:
Raine - Cigarro?
Morte - Não, obrigada. Belo cinzeiro...
Raine - Não.. Não é um cinzeiro! Quer dizer... é... mas também é meu rosto. É que às vezes crio rostos ... Mas eles ressecam e caem. E não podia jogá-los fora. São parte de mim. Daí, eu fico com eles... Eu... Acho que estou falando coisas sem sentido.
Morte - Não. Elas fazem sentido. Vocês sempre se agarram às velhas identidades, faces, máscaras, mesmo depois que elas não servem mais... Mas um dia, você tem que aprender a jogá-las fora.
E mais uma vez Mr. Gaiman me poupa de ter que explicar exatamente como estou sentindo.